Caro amigo,
Disse-lhe aqui no blog, que caso o Eirense (Iniciados) vencessem o jogo em Brasfemes, dedicar-lhe-íamos a vitória. Vou tentar explicar-lhe porque lhe dedicamos o jogo e infelizmente, não a vitória. Pois bem. Para quem não me conhece sou Licenciado pela Escola Superior de Educação, sou casado, e tenho 46 anos. Vivo o futebol há mais de 39 anos, e tenho contacto directo com este jogo maravilhoso há cerca de 4 anos, devido à amizade directa que me liga a treinadores com quem tive oportunidade de aprender e consequentemente estagiar. Vem isto a propósito, Sr. Meno, de lamentavelmente lhe ter que dizer, que hoje o amor quase doentio que tinha pelo futebol, se desvaneceu um pouco. Dou-lhe a minha palavra de honra, que em milhares de jogos que eu vi, ora directa ou indirectamente como participante do jogo, este foi o espectáculo mais vergonhoso a que assisti. Se o futebol deve ser uma festa, esta manhã assistiu-se ( eu e bastantes Eirenses que lá se deslocaram) ao enterro do futebol. Da festa, da amizade, da honestidade. Um homem também chora. E eu fi-lo de raiva. Jamais poderia pensar, quando aceitei trabalhar com estes miúdos, que os veria num pranto, numa choradeira pegada de raiva, de dor, e de sentimento de injustiça protagonizado por um "homem" (?) que desde o início entrou para o campo com um único objectivo: enervar o Eirense, seus delegados, seus adeptos, e provocar os seus jovens jogadores. O Eirense entrou a ganhar por 1-0. Saíamos para o o contra-ataque de uma forma que dava gosto. Sempre com perigo, e com objectividade. Sofremos o empate, com uma falta miserável sobre o nosso guarda redes. Não desmoralizámos, e fomos para cima da equipa da casa, e conseguímos o 1-2. A partir daí, o jogo acabou. Sensivelmente aos 25 minutos o nosso jogador Cuca, isolado, é ceifado por um adversário.
Vermelho, sem dúvida, mas que o árbitro transforma em livre sem a respectiva admoestação.
Livre marcado, com a devida pontaria. A bola ia a entrar. Os Eirenses festejavam o golo. NO banco abraçávamo-nos. O que acontece? Um jogador do Brasfemes tira a bola da baliza com a mão. Penalty gritámos nós. O árbitro com muito comprometimento marca canto.... Olhei para o fiscal de linha e ele, abanava a cabeça. Juro pela saúde da minha filha. Depois disto, comecei a preocupar-me... Mas nem tempo tive para isso. Na jogada seguinte o Brasfemes empata,e logo a seguir com um pé absolutamente em riste os da casa fazem 3-2. Antes ainda do intervalo, um penalty claro é-nos ROUBADO. Encontrei os meus jogadores a chorar no balneário. Faltas assinaladas ao contrário, chorrilhos de cartões amarelos por nada que se justificasse. Ao tentar acalmá-los, soube de algo muito grave. Soube que na época passada este "honesto" tinha expulso 5 jogadores do Eirense, e que face a um relatório do Eirense, tinha sido impedido de apitar durante 5 meses jogos do nosso clube. Apanhámo-lo hoje e fiquem a saber que não foi só.
Na 2ª parte, expulsa o nosso capitão Cuca, por este pôr a mão à frente da cara, impedindo a bola de lhe bater na face. Cuca saiu a chorar. Já ao intervalo o árbitro tinha mandado à merda o nosso delegado, Sr. Matos. O Sr. Matos é das pessoas mais equilibradas, educadas e calmas que já conheci. Vergonhoso. No fim, ameaçou de dar na cara a jogadores nossos. Já no fim do jogo foi o bom e o bonito. Expulsou um jogador nosso, que não foi identificado. Como não o conseguiu fazer, inventou um número. Calhou ser o nr 5, que por acaso já não estava no campo... Teve a lata de me dizer: " ou me diz quem é o gajo, ou este 5 fica expulso injustamente." Foi isto, Sr. Meno que este senhor nos disse!!!! O balneário do Eirense metia dó. Choro, revolta, tristeza e sentimento de injustiça. Chegou a um ponto na 2ª parte, de um jogador nosso fintar o Guarda redes do Brasfemes, ir marcar o golo, um defesa por trás tira-lhe o pé de apoio do chão e o árbitro mostra o amarelo ao nosso avançado. Faltas a nosso favor eram mentira, e sempre que podia provocava os nossos jogador, ameaçando-os de lhes " ir à cara". Sim, Sr. Meno. Foi assim que ele falou para os nossos atletas. Perdemos 6-2. Mas a máscara de sofrimento, o lutar contra todas as adversidades, e o suor que os nossos jogadores largaram , bem como as lágrimas, são-lhe dedicadas. Espero que não fique zangado por não termos ganho. Mas a alma Eirense, essa esteve lá. De raça, de espírito e de luta. É isso que lhe queremos dedicar.
Mário José de Castro ( treinador dos Iniciados do Eirense)
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Para o Meninho
Posted by Rodolfo at 00:40