Era recorrente, antes do 25 de Abril as pessoas terem medo, pânico até, de se verem confrontadas com as autoridades. Eu sou uma pessoa dessa geração.Sentia medo dos polícias, dos professores, de Deus, da Pátria ( a minha adolescência foi a preparar-me para a guerra colonial...) e da família (muito austera no que a postura e obediência dizia respeito).Ao contrário de alguns não me fizeram bem nenhum as bofetadas e reguadasdadas quer pela família, quer pela escola. Achava ser um julgamento sumário sem defesa bem recurso possível.Daí talvez o meu feitio ser moldado por um atrevimento muito grande. Mas de honestidade, coerência, solidariedade e muita sentido contestatário.Não foi de todo difícil para mim entender as novas formas pedagógicas utilzadas em Portugal pós-revolução.Contrariamente ao que se passava no tempo de salazar e caetano, hoje, para aprender, não tem que ser à bofetada, nem decorar rios e serras, caminhos deferro e pousadas da Inatel.Mas parece que incompetência era tanta ou tão pouca, que deixou raízes bem fundas, que vai ser difícil de arrancar.Os frustrados, os incapazes, os vencidos na lotaria da vida, os vendidos e os anti-pedagogos, saltitam em todas as profissões, sendo que na arbitragem me parecem mais do que muitos.No domingo fiquei estupefacto com alguns momentos, tendo o árbitro como protagonista principal.No jogo de Iniciados Eirense-União Gavinhos, logo à entrada nas instalações do Eirense, apareceu um homem com tiques de ditador, com cara de quem toda agente lhe devia favores, e de uma arrogância ridícula."Chifrou" com as redes do lado norte, e mandou pôr um ferro na baliza, que era perigoso para a segurança dos jogadores.Depois foi um acumular de situações de anti-pedagogia pura. Aconselho a quem se quiser cultivar pedagogicamente a pedir um manual a este senhor, de forma a que, em cada frase, se acrescente um " não se deve fazer...".Desde mostrar um cartão amarelo ao nosso capitão por a braçadeira ter caído no chão ( estava laça ). Não acreditam? Perguntem a quem lá esteve.Depois expulsou o Guarda-Redes do União Gavinhos por anti-jogo. ( Nestas idades deve-se prevenir, e educar. Avisava-o uma, duas vezes. Chamava o treinador e dizia-lhe o que pretendia).Para cumulo do ridículo, no fim do jogo insultou um pai de um jogador do Eirense. Chamou-lhe " Cabrão e mandou-o "fod...".Senhores da AFC, acham que isto é um árbitro que pode apitar um jogo de jovens com 13, 14 anos?Teremos ( nós, clubes) que substituir o Estado, dando condições à prática desportiva de muitas centenas de jovens, e por outro lado, aturar autênticos frustrados com sede de poder e protagonismo que lhes falta em casa?Então andamos nós, treinadores, durante meses a apelar à educação, ao bom trato ao fair-play dos atletas e aparece um "juíz" que não respeita nada nem ninguém?É por essas e por outras, que a evolução do futebol jovem não se faz da maneira que todos queríamos.Por mim, vou continuar a tentar fazer dos meus jogadores Homens, e pessoas de bem. E quem faz este trabalho de "sapa" aos árbitros ( alguns, claro!)?Depois queixam-se...